Resenha: As Brumas de Avalon

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Adaptação cinematográfica do livro.

  • Editora: Imago
  • Autor: Marion Zimmer Bradley
  • Ano: 1979
  • Volumes: 4: A Senhora do Lago, A Grande Rainha, O Gamo-Rei e O Prisioneiro da Árvore
  • Onde comprar: Submarino (aproveitem que está em promoção!) ou Livraria Saraiva

Se você gosta de livros sobre magia, História, religião, guerras e romance, a série As Brumas de Avalon é a pedida certa! Eu nunca ouvira falar antes dessa história e só a comprei porque a saga estava em promoção. Demorei até um pouco para iniciar a leitura, mas uma vez que comecei não parei mais!

Escrita por Marion Zimmer Bradley, As Brumas de Avalon é composta por quatro livros: A Senhora da Magia, A Grande Rainha, O Gamo-Rei e O Prisioneiro da Árvore. Em todos eles, você encontrará a lenda do Rei Arthur contada através de perspectivas femininas!

A Senhora da Magia inicia-se antes mesmo do nascimento de Arthur. É contada, principalmente, o desenrolar da vida de sua mãe, Igraine, seu casamento descontente com Corlois, o Duque da Cornualha, a ascensão de Uther ao trono da Bretanha e o amor da mulher pelo mesmo. Também encontramos a presença do Merlim da Bretanha, de Viviane, a Senhora do Lago e irmã de Igraine, Morgause, também tia de Arthur, e Morgana, a irmã do futuro rei e também mais importante personagem da saga.

É interesse ler ao longo dos livros as opiniões opostas do povo antigo, das sacerdotisas e druidas de Avalon com seu amor pela Deusa, e dos cristãos, das tentativas de repreensão dos padres à quaisquer outras religiões. Há muitos debates entre Bispo e Merlim, assim como de Gwenhwyfar (Guinevere), mulher de Arthur, contra Morgana, que é sacerdotisa de Avalon e futura Senhora do Lago.

Além disso, o principal ponto de vista é da irmã de Arthur, que apesar de ser a escolhida da Deusa, sofre com dúvidas e inseguranças tão femininas quanto possível. Temos sua paixão pelo primo, Galahad, também conhecido como Lancelote, o filho que ela passa a carregar e não quer ter, sua inveja pela profunda beleza do amor de Lance.

O livro é incrível e eu realmente aconselho a todos a lerem!

Minha nota: 9 – apesar de maravilhoso, demoramos um pouco a “engrenar” e tem cenas que cansam e dá vontade de correr para chegar nas partes mais legais.

Além da amizade – Sinopse, Link e Capítulo 1

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Para os que ainda não sabem, eu escrevia um livro e postava-o na internet, em uma comunidade do Orkut. Depois de terminado, passei pouco tempo em sua página, mas sentia que a história ainda precisava ser corrigida, cortada em certas partes e refeita para que se tornasse digna de leitura.

Depois de muita enrolação, finalmente resolvi reativar a comunidade e dedico esse espaço para a postagem do primeiro capítulo do livro. Àqueles que se interessarem, segue à baixo a sinopse, o trailer e, no fim do post, também a página do livro-virtual.

Espero que gostem!

Além da amizade
Será que no jogo do amor realmente vale tudo?

“Além da amizade” conta a história da carioca Anna Schwartz: sua vida, seus relacionamentos e seu jeito de enfrentar as situações cotidianas.
Cercada de pessoas especiais, Anna não poderia querer vida melhor. Davi, seu namorado, era completamente maravilhoso com ela; Natan era seu melhor amigo desde o primeiro ano do ensino fundamental e a pessoa em quem mais confiava; Jullie completava o quarteto inseparável, sendo sua melhor amiga desde o sexto ano e tão especial para Anna quanto os outros dois. À exceção de seu pai, que dava mais importância ao trabalho do que a qualquer outra coisa, a família da garota também era mais do que ela poderia pedir. Sua mãe era seu porto-seguro e seu irmão, por mais que implicasse e a irritasse completamente, era um grande companheiro.
Mas como tudo o que é bom dura pouco, a felicidade de Anna não poderia durar para sempre: ela se vê diante de vários conflitos e importantes decisões, que poderão ser a passagem de volta para sua felicidade. O grande problema é que as escolhas certas quase nunca são as mais fáceis de serem feitas.

Trailer

Capítulo 1

ㅤㅤEu estava indo à Bagel’s.
ㅤㅤEram oito da manhã de um sábado e eu estava indo à Bagel’s comprar pão para meu irmão idiota!
ㅤㅤNão bastasse a hora — cedo demais para uma pessoa em sã consciência estar fora de casa — e minha sonolência — que causava grande parte de toda essa irritação —, estava excessivamente frio nessa manhã.
ㅤㅤMinhas mãos congelavam mesmo que eu as mantivesse dentro do casaco preto de moletom e o vento gélido que batia em cada parte exposta e não exposta do meu corpo era parecido com os que eu imaginava existir na Antártida.
ㅤㅤIsso tudo era provavelmente um grande indício de que meu dia não poderia ser pior, já que eu odiava o frio. Quero dizer, eu morava no Rio de Janeiro: a cidade do sol, da praia e do bronzeado. Quem é louco o suficiente para gostar de frio em uma cidade como essa? Quem prefere sair da escola rumo à sua casa para tomar chocolate quente em vez de ir para praia ver aqueles gatos de sunga enquanto tenta capturar o máximo de luz solar possível?
ㅤㅤE, sabe, considerando que o Rio de Janeiro não é um dos lugares mais frios do mundo — e nem mesmo chega perto disso —, a minha raiva era justificável.
ㅤㅤEntretanto, pensando bem, talvez meu dia pudesse piorar, sim. Graças ao pingo de sorte que ainda me restava, não estava chovendo. Então, assim que começasse a cair um temporal, estaria definitivamente pior.
ㅤㅤInstantaneamente olhei para o céu. As nuvens moviam-se quase imperceptivelmente. Embora houvesse muitas delas, não estavam carregadas. Em certas partes, podia-se até ver o céu azul e os raios do sol aproveitando brechas para se infiltrarem na cidade, clareando tudo o que conseguissem alcançar. Suspirei aliviada.
ㅤㅤApesar disso, apertei o passo para que pudesse chegar o quanto antes à padaria e livrar-me daquela sensação claustrofóbica.
ㅤㅤEnquanto olhava para frente, praticamente correndo para alcançar a Bagel’s, lembrei-me da discussão que tivera mais cedo com meu irmão mais velho, Douglas. Honestamente, eu gostaria de entender: por que irmãos sãotão chatos? Quero dizer, eu tenho o mesmo sangue que ele! Compaixão seria pedir demais?
ㅤㅤBem, para Douglas… Seria.
ㅤㅤMeu irmão tinha realmente que me obrigar a sair no frio às oito da manhã de um sábado para comprar pão para ele. Certo, admito que fizera o mesmo no dia anterior (e um pouco mais cedo, já que era sexta-feira e tínhamos aula), só que, ao contrário dessa manhã, a temperatura não estava baixa e o tempo não estava nublado. Estava um clima extremamente agradável para um passeio pela rua.
ㅤㅤAparentemente, não para ele.
ㅤㅤ— Qual é, Douglas? Você sabe que eu odeio frio — falara impacientemente em uma tentativa frustrada de fazê-lo mudar de idéia.
ㅤㅤÉ claro que Douglas estava se divertindo muito com tudo isso. Ele sabia o quanto me irritava e isso só o incentivava mais ainda a continuar.
ㅤㅤ— Não interessa, é a sua vez. — Eu quisera voar em seu pescoço, mas tinha acabado de acordar e não queria começar o dia com hematomas.
ㅤㅤÉ. Você leu certo: hematomas. Além de tudo, meu irmão é um pouco troglodita. Ele faz musculação desde quatorze anos e hoje, com dezoito, é de colocar medo em qualquer criatura — seja de cinco ou vinte anos — que preze a própria vida.
ㅤㅤNão me entenda errado… Douglas está entre os garotos mais desejados do nosso colégio, o Honório de Paula.
ㅤㅤ— Ele tem lindos olhos cor de âmbar, uma pele parda tão fascinante que é preciso muita força de vontade para desviar a atenção e músculos grandes o suficiente para me deslumbrar. Quando ele sorri, eu fico sem ar — recitara para mim, suspirando, uma ingênua aluna da oitava série quando cometi o erro de perguntá-la o que havia de tão especial em meu irmã.
ㅤㅤEu apenas soltei um muxoxo, incrédula. Parecia que tudo isso encobria sua completa lerdeza, ignorância e burrice constante — pelo menos no que se tratava de matérias escolares.
ㅤㅤFelizmente, como toda irmã normal, eu não conseguia ver esse outro lado dele. Isso se devia, principalmente, ao fato de que eu era uma das pessoas que mais conhecia o verdadeiro Douglas. Principalmente, aquele Douglas implicante, que adorava me irritar até cansar ou que fazia porcarias tremendas — como arrotar na minha cara. E isso já era o suficiente para eu não querer ver mais lado nenhum.
ㅤㅤ— Eu compro amanhã e segunda também. — Tentar negociar é sempre bom quando se está desesperada.
ㅤㅤ— Anda logo, Anna. Estou com fome.
ㅤㅤSó que isso não seria resolvido com negociações. Tudo o que ele queria era ver-me irritada e vencida.
ㅤㅤPosso acrescentar que estava conseguindo?
ㅤㅤ— Olha só, é você quem quer o pão, sabia? Eu não estou com fome. — Completa mentira, é claro. Minha barriga soltara um ronco alto — quase um rugido —, fazendo-o sorrir.
ㅤㅤ— Se eu for, comprarei dois pães. Apenas para mim. — Isso é golpe baixo.
ㅤㅤTalvez não fosse tão ruim, então, pensara, tentando manter-me otimista. A casa de Davi ficava no final da rua e fazia tempo que não nos víamos fora dos muros do colégio.
ㅤㅤLogo no primeiro bimestre de aulas, sua atenção não fora uma das maiores, por isso ele levara bomba em várias matérias. Sinto dizer que sou culpada em grande parte. Nós somos da mesma sala, tornando mais difícil que nossa atenção se focalize em alguma coisa do que a professora diz. Em geral, nos uníamos para acabar com o tédio conversando em voz baixa ou brincando de “detetive” ou “stop!” com nossos amigos. E, bem… Às vezes, apenas ficávamos nos beijando no meio da aula — o que já rendera centenas de idas à diretoria, devo acrescentar.
ㅤㅤAo contrário de mim, Davi não era tão apto em entender as matérias sem ajuda de um professor. Eu não prestava atenção em muitas aulas e raramente estudava para as provas, entretanto, minhas notas eram sempre maiores do que a média. Maiores do que a média não quer dizer exatamente dez, mas sete ou oito é perfeitamente aceitável para alguém que nem se preocupa em fazer deveres de casa.
ㅤㅤTalvez você esteja se perguntando quem diabos seja Davi. Bem, Davi Borges é um dos garotos mais lindos e simpáticos que já conheci. E, ah, bem… É meu namorado.
ㅤㅤDe qualquer maneira, a mãe de Davi, Denise, não gostou muito do que encontrara em seu boletim, por isso o proibira de sair até que as notas da recuperação chegassem — se elas viessem boas, é claro —, o obrigara a ter aulas de professores particulares e a estudar mesmo quando não estivesse com estes ou no colégio. Apesar de passar o dia inteiro, praticamente, no trabalho, gerenciando uma empresa de moda, Denise conseguia ser suficientemente autoritária para que Davi a temesse e fizesse o que fosse mandado. E, acredite, ela tinha esse poder. Ela o usara contra mim quando insisti em chamá-la de senhora mesmo após dizer que se sentia uma idosa assim.
ㅤㅤNão que Denise fosse uma bruxa má. Não, por favor! Ela realmente era uma pessoa muito amável. Mas para se dirigir uma empresa — sobretudo uma que fazia tanto sucesso — era preciso voz firme e uma pitada de severidade. E era essa voz firme que ela usava quando seus filhos faziam algo errado.
ㅤㅤIsso limitou bastante o tempo que Davi e eu ficávamos juntos — até mesmo na sala de aula, onde éramos inseparáveis. Ele agora prestava total atenção às aulas para que pudesse entender a matéria e tirar suas dúvidas.
ㅤㅤEu respeitava isso, fazendo com que só nos víssemos durante o horário escolar e nos falássemos apenas no caminho de ida e volta para o colégio, durante o recreio e intervalos. E às vezes ao telefone, à noite. Mal conseguia esperar para que o boletim de recuperação saísse — o que aconteceria na semana seguinte.
ㅤㅤPor acaso eu sabia que, mesmo sendo oito da manhã, Davi estava acordado, preparando-se para seu curso de inglês. Hoje seria o dia perfeito para visitá-lo: não provocaria uma grande distração, nem o atrasaria para a aula.
ㅤㅤPensava nisso quando parei à frente da Bagel’s e deparei-me com algo que, definitivamente, pioraria meu dia.
ㅤㅤAcho que nós deveríamos escolher se teríamos irmãos ou não; assim eles não estariam correndo sérios riscos de vida. Quero dizer, o meu estava. Eu iria matá-lo assim que o encontrasse.
ㅤㅤA fila que se formava tanto para pegar o pão quanto para pagar era enorme. Será que todo mundo resolvera ir à padaria na mesma hora que eu? Era uma conspiração contra mim? Para piorar o meu dia?
ㅤㅤEu odiava filas. E, definitivamente, odiava meu irmão.
ㅤㅤNão só por me obrigar a comprar pão em uma situação daquelas (cedo demais, tempo ruim, padaria lotada), mas também porque ele se achava o maioral por sempre conseguir o que queria. E eu não conseguia fazer isso mudar. Eu até tentava mudar… O único problema é que eu geralmente ficava com aqueles hematomas dos quais falei antes.
ㅤㅤNão são hematomas de verdade, mas dá para sacar a idéia.
ㅤㅤPor outro lado, também é boa essa história de ser troglodita. Se alguém mexe comigo quando ele está por perto, é bem fácil fazer essa pessoa se arrepender.
ㅤㅤEu suspirei derrotada antes de entrar à padaria e postei-me na fila, agradecendo por estar quente ali dentro.
ㅤㅤ— Olá, seu Carlos — cumprimentei o padeiro, forçando um sorriso caloroso.
ㅤㅤA Bagel’s é uma dessas padarias pequenas e aconchegantes, onde somente frequentam pessoas que moravam no bairro há séculos. Como eu cresci ali, era de se esperar que conhecesse até os faxineiros do turno da noite.
ㅤㅤ— Anna! Que bom te rever. Não conseguiu enrolar seu irmão hoje, hein?
ㅤㅤEntendem o que eu quis dizer? Até o padeiro já sabia dos meus problemas fraternais.

ㅤㅤ— Fazer o que, não é? — Eu dei de ombros fazendo-o rir.
ㅤㅤQuando finalmente chegou a minha vez — depois do que me pareceu ter sido séculos —, eu estava mais do que impaciente. Tentei não deixar transparecer, é claro.
ㅤㅤ— Me vê oito desses pães maravilhosos, por favor, seu Carlos! — pedi, tentando manter a voz o mais calma possível.
ㅤㅤEle sorriu encabulado.
ㅤㅤ— Quem dera, Anna! E pare de ser puxa saco! Não vou ficar te dando pães de presente!
ㅤㅤ— Puxa vida! Nem uma broa? — Ele sacudiu a cabeça em negação e eu dei língua como uma criancinha de cinco anos. Peguei a sacola de pães e segui para a fila do caixa, despedindo-me com um aceno.
ㅤㅤO tempo de espera, dessa vez, foi um tanto quanto maior, porém estava um pouco mais paciente. Falta somente essa fila para que eu possa ver Davi, pensei para me alegrar. E funcionou.
ㅤㅤJá era a próxima quando percebi. Finalmente saí da padaria, virando à direta. Em menos de cinco minutos já estava parada em frente à casa dele.
ㅤㅤPeguei-me admirando aquele lugar que eu considerava um segundo lar por passar quase tanto tempo quanto em minha própria casa. Havia um pequeno jardim em frente, onde, ao meio, um caminho de pedras levava diretamente à varanda. As flores, sempre bem cuidadas — às vezes, até pela própria Denise, quando esta tinha tempo ou estava de férias —, eram de uma diversidade magnífica. Todas em uma estranha — e maravilhosa — combinação.

ㅤㅤAndei até a varanda, em direção ao lugar onde estavam mais da metade de minhas lembranças felizes. Toquei a campainha sentindo-me tão animada que ninguém imaginaria meu mau humor de minutos atrás. Quando a porta se abriu, não foi Davi quem vi parado ali no hall de entrada, mas outra pessoa pela qual eu ansiava ainda mais ver. É claro que eu estava com saudades extremas de meu namorado, mas não havia nada como rever meu melhor amigo.
ㅤㅤ— Oi, Nael.
ㅤㅤEu abri um sorriso genuinamente alegre e pulei em seu pescoço para um abraço, pendurando-me nele.
ㅤㅤA expressão de Natan parecia preocupada, mas ele não pôde evitar relaxar ao uso do apelido. Eu o dera quando ainda éramos pequenos. A princípio, usava-o somente por pura implicância: acostumada com o nome Natanael, perguntei-lhe se Natan era seu apelido e, quando respondeu que não, eu simplesmente comecei a chamá-lo de Nael, para “completar” o nome. O costume, então, me fez mantê-lo. Agora, tornara-se impossível não vê-lo como meu Nael em vez de, simplesmente, Natan.
ㅤㅤEle riu em meu ouvido e jogou os braços ao meu redor, retribuindo o gesto. Meu coração bateu acelerado com a felicidade de vê-lo.
ㅤㅤNão que estivéssemos há tempos sem nos ver. Ele também estudava no Honório de Paula e, apesar de não sermos da mesma sala, já que era do terceiro ano e eu do primeiro, nós sempre íamos juntos para a escola. Além disso, nos víamos em praticamente todos os recreios (exceto quando Davi e eu resolvíamos nos isolar para aproveitar alguns minutos sozinhos).
ㅤㅤNão… Minha felicidade era simplesmente porque não havia como não ficar feliz perto de Natan. Ele era uma pessoa maravilhosa (o melhor amigo que uma pessoa poderia ter) e, bem… Lindo.
ㅤㅤSério. Eu não estava falando isso só porque era meu melhor amigo. Natan era, sinceramente, o garoto mais lindo do bairro da Urca, onde morávamos. Talvez até do Rio de Janeiro inteiro.
ㅤㅤEle tinha 17 anos, era bem mais alto do que eu e herdara da mãe os olhos azuis mais fascinantes da face da Terra.

ㅤㅤSeu cabelo castanho claro, seus músculos (que, eu vou te contar, não eram nada pequenos), sua altura, seu sorriso sincero e sua covinha minúscula na bochecha direita faziam dele o garoto mais bonito do nosso colégio. Agora, juntando isso ao fato de que ele era super gentil, inteligente e engraçado, dava pra sacar por que se tornara o mais popular também.
ㅤㅤÉ bem fácil compreender, então, o motivo de praticamente todas as garotas (e alguns garotos) me invejarem por ser melhor amiga dele, de quererem me matar por nunca ter flertado com ele, agarrado, beijado ou algo do gênero, e, ainda por cima, em vez de fazer qualquer uma dessas coisas (ou todas), eu simplesmente fiquei com o irmão dele.
ㅤㅤClaro que Davi não era feio. Muitas garotas dariam tudo pra ficar com ele. Eu mesma fiquei assustada quando ele me beijou. Mas, mesmo assim, ele não era nenhum… Natan Borges.
ㅤㅤ— Bom dia, Nina — disse após me soltar. Ele abriu o sorriso que eu tanto amava e eu precisei de alguns segundos para me recompor, sem evitar sorrir de volta.
ㅤㅤFazia dez anos que Natan e eu nos conhecíamos e eu ainda não conseguia resistir àquele sorriso.
ㅤㅤAlém disso, eu amava quando ele me chamava de “Nina”.
ㅤㅤEle me encarou por apenas dois segundos antes do sorriso sumir e uma expressão confusa se formar em seu rosto.
ㅤㅤ— O que está fazendo aqui tão cedo?
ㅤㅤEu franzi o cenho, sem entender sua seriedade.
ㅤㅤ— Bem… Eu estava passando por perto — respondi, incerta. — Não vai me convidar para entrar?
ㅤㅤEle hesitou antes de responder.
ㅤㅤ— Eu estava… É… Saindo — balbuciou.
ㅤㅤEra impressão minha ou por trás da confusão havia receio?
ㅤㅤEu ergui uma sobrancelha analisando sua roupa. Onde ele poderia estar indo de moletom e chinelo? Quero dizer, ele vestia uma calça velha e um casaco que só usava em casa.
ㅤㅤNatan captou meus pensamentos com rapidez.
ㅤㅤ— Padaria.
ㅤㅤ— Você não vai querer ir lá agora. Está um inferno.
ㅤㅤEle franziu os lábios, como se estivesse irritado. Sua expressão seguinte me deu certeza de que alguma coisa estava acontecendo. Era a que ele fazia quando estava tentando encontrar uma desculpa.

ㅤㅤEu dei um passo para trás, encarando-o com desconfiança.
ㅤㅤ— Nael, você não mente bem. O que está acontecendo?
ㅤㅤ— Não tem nada acontecendo — respondeu rápido demais. Quanto mais tentava fugir, mais se denunciava.
ㅤㅤ— Natan! — Fiquei histérica. Meu coração pulou em meu peito e não foi de um jeito bom.
ㅤㅤEnquanto ele tentava mandar-me embora de todas as maneiras discretas que conseguiu pensar, um milhão de pensamentos ruins passava em minha cabeça. Um deles se ressaltava; busquei afastá-lo de todas as formas. Impossível. Ele rodeava minha mente como um mosquito extremamente irritante.
ㅤㅤParei, sem olhá-lo, decidindo o que fazer. Algo me dizia para ir embora, que não saber seria melhor do que saber o que estava acontecendo. Mas minha curiosidade foi mais forte e eu atravessei o portal antes que Natan pudesse me impedir.
ㅤㅤCaminhei pelo corredor até a sala, procurando qualquer indicação de anormalidade.
ㅤㅤNada. Não havia ninguém lá.
ㅤㅤOlhei para o segundo corredor, à direita da sala, depois para Natan, por cima do ombro, que parara ao final do hall, encarando-me em um pedido mudo. Ele não queria que eu continuasse. Mas eu não pude atender seu pedido.
ㅤㅤPraticamente corri até a porta do quarto de Davi, parando com a mão direita na maçaneta.
ㅤㅤ— Nina! — gritou meu melhor amigo, como um último pedido. Ele segurou meu braço, após correr atrás de mim.
ㅤㅤPrendi minha atenção nele por apenas uma fração de segundos.
ㅤㅤ— Merda! — ouvi claramente a voz exasperada de Davi reclamar de dentro do quarto, seguida por um baque.
ㅤㅤGirei a maçaneta sem nem ao menos pensar.
ㅤㅤE o que eu vi quase me fez desejar nunca ter aberto aquela maldita porta.

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Escolhas

Fazer escolhas é natural. À toda hora, mesmo quando não percebemos, estamos tomando decisões. Algumas não irão influenciar nossa vida em nada, outras fazem a enorme diferença. E o mais engraçado é que, às vezes, essas que mudam nossa vida, nem mesmo pareciam ser tão importantes.

Quem nunca passou por uma situação onde se perguntou, por exemplo, que se não tivesse se atrasado naquela segunda feira porque decidiu tomar banho antes de sair poderia teria sido vítima daquele assalto que aconteceu dez minutos antes ou conhecido aquela pessoa ao lado de quem sentou no ônibus?

A parte ruim de fazer escolhas é que você nunca sabe qual é a certa ou a que te trará boas coisas. Você está às cegas dentro de uma piscina de bolinhas: todas têm o mesmo formato, mas são de cores diferentes. E somente quando você abrir os olhos saberá se fez a escolha certa… Ou não.

Trecho retirado do meu livro, Além da amizade.